Segundo Luiz Carlos Osorio, Adolescência, é um complexo psicossocial, assentado em uma base biológica, com redefinição da imagem corporal e a separação/individuação do vínculo com os pais, na busca de autonomia. É uma fase de contraposição, por isto diz-se que o adolescente é do contra.
Para falar de adolescência, faz-se necessário voltarmos à infância e suas experiências aprendidas, pois o adolescente de hoje, é o resultado não só das modificações hormonais e corporais, mas também da bagagem que traz consigo.
Talvez por desejar dar aos filhos uma educação diferente da que receberam essa geração de pais, tenha se perdido entre não repetir o modelo repressivo e uma educação altamente permissiva e sem limites.
O novo contexto social, na maioria das vezes, requer que ambos os pais trabalhem fora, por isto a presença dos pais se restringe aos finais de semana, consequenciando relacionamentos fugazes, onde os filhos não tem a disposição o “modelo dos pais” e estes, não acompanham a rotina dos filhos a fim de orientá-los quanto às ações comportamentais no dia a dia.
Após a jornada de trabalho, os pais se apresentam cansados e humanamente pouco disponíveis, nestas circunstancias o máximo que acontece são tentativas de diálogos restritivos, pois se houver necessidade de intervir na educação ou mesmo orientação, há que ser feito de forma bem discreta, pra não gerar frustração.
O excesso de proteção e recompensa material por medo de frustra-los dificulta a aquisição de juízo de valor e aprendizados imprescindíveis ao enfrentamento da vida. A criança deve aprender limites, entender que nem tudo que ela deseja poderá ter; essa experiência os prepara para o mundo real, onde nem sempre conseguimos o que desejamos, e nem tão pouco seremos vitoriosos.
Pais passivos e permissivos autorizam a criança a se reger apenas pelo principio do prazer, buscando satisfação dos seus desejos a qualquer custo. Produzem filhos “acomodados e egoístas que só desejam usufruir”.
Pais culpados fazem tudo pelos filhos, e perdem a oportunidade de deixa-los aprender a realidade da vida, do valor material de cada bem e da necessidade deles. Geram filhos indiferentes, sem limites, sem tolerância a frustração que na primeira experiência que não se sentirem satisfeitos adoecem ou emitem comportamentos inadequados.
A adolescência é por excelência um período de muitas transformações, tanto do ponto de vista físico como psicossocial. Por conta da inundação hormonal a modificação do corpo, podem surgir sintomas de dificuldade de concentração, atenção e memoria. Surge aqui o pensamento abstrato talvez como primeiro sintoma de concentração espontânea naquilo que propicia prazer. Ele é capaz de ficar horas e horas no celular, no computador e com seus próprios pensamentos.
O adolescente sai de uma referencia infantil e oscila entre ser e estar; confuso, o enfrentamento passa a ser sua maior força de expressão! Na maioria das vezes extravasa de forma impulsiva e desordenada- a transformação de desvantagens em vantagens dá-lhe uma nova identidade.
Para completar essas modificações, o corpo tomado pelos hormônios, a testosterona (para os meninos), progesterona, estrogênio (meninas) pode modificar radicalmente seu comportamento de dócil para agressivo, impulsivo, instável ou mal humorado. Sente um monte de coisas e não sabe como expressa-las. Incapaz de elaborar a bagunça emocional começa a agir como se não tivesse cérebro, apenas físico.
Embora o traço predominante dessa fase seja realmente a contraposição, levando ao enfrentamento e a transgressão de valores, qualquer forma de expressão é um produto interno e como tal, dependerá em muito das vivencias pregressas de cada individuo.
Aprender lidar com frustração, ter resiliência, fortalece o ser humano e lhe instrumentaliza para enfrentar os desafios da vida, como algo normal.
A verdadeira educação requer limites, ensina valores, preserva a criança, mas garante a condição de realizar suas tarefas e contribuir para realização dos seus desejos. É tarefa dos pais proporcionarem às crianças a compreensão de que usufruir é uma etapa do processo que começou antes e que tem um custo.
Apesar das particularidades inerentes a “fase adolescência” se a criança foi suprida de forma adequada é muitas vezes maior a probabilidade dela passar por essa etapa da vida de forma saudável, mais assertiva e menos conflituosa!